"Fugimos do abismo da vida, e fugimos da vida - embora tal seja uma autentica estupidez. Se fugimos da vida, caminhamos para o abismo; se fugimos do abismo, abraçamos o calor frio da vida. E talvez porque somos humanos, voltamos novamente a perder o comboio, e novamente, e novamente - e assim continuamos, e assim caímos, e assim caem connosco. Perdemos quem amamos, perdemos quem odiamos [ódio este que somente demonstra que tais pessoas fazem parte do nosso espelho de vida].
Perdemo-nos - oh, como o comboio já lá vai!" - J. A.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Frio II

Gela-me os ossos,
o abraço frio do vento agreste.
Não sei como aqui vim parar;
Estou nu na montanha
E o lago gelado à minha frente
Não me dá calor.
Neva.
Neva.
Neva e a alvura da neve
em tudo contrasta com o negro do lago fundo.
O Sol, tímido, reflecte-se na neve e quase me cega no clarão forte...
Atiro-me para o gelado abraço do gelo quebradiço que estilhaça...
O ar, preso nos pulmões de pedra,
não me faz respirar...
E, enquanto a luz vai cessando,
Eu desço, sem ajuda ou revolta,
ao fundo poço de breu...
E quando,
Finalmente,
Com um baque o corpo embater no chão
Já eu terei aberto os olhos
E, por fim,
Visto a verdadeira e clara
Luz da eternidade inexistente...

2 comentários:

Samuel F. Pimenta disse...

Em ti nota-se essa "estranha" presença que a Poesia deixa nos Homens! És um afortunado, tens a sorte (?) que muitos matariam por ter! Mantém-te assim, distinto! ;)

Inês Oliveira disse...

como é que ainda não havia conhecido este?

fantástico.