"Fugimos do abismo da vida, e fugimos da vida - embora tal seja uma autentica estupidez. Se fugimos da vida, caminhamos para o abismo; se fugimos do abismo, abraçamos o calor frio da vida. E talvez porque somos humanos, voltamos novamente a perder o comboio, e novamente, e novamente - e assim continuamos, e assim caímos, e assim caem connosco. Perdemos quem amamos, perdemos quem odiamos [ódio este que somente demonstra que tais pessoas fazem parte do nosso espelho de vida].
Perdemo-nos - oh, como o comboio já lá vai!" - J. A.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Dia 14 de Fevereiro

Este dia merece até um titulo só para si. Este dia, que já foi ontem, na verdade, é um dia que vale a pena, merece ser comemorado. É neste dia que celebramos a apologia do consumismo, a estupidez demonstrada em seguir como carneirinhos a ideia das grandes superfícies...Assim, aqui ficam os meus desejos de que tenham tido um bom Dia da Apologia da Estupidez Humana.

Dia catorze,
Irritante frustração,
Um dia para canhão,
Oh...
Irrito-me,
Irrito-me,
Irrito-me
E mil vezes me debruço sobre a mesa suja deste bar!
Mais uma vodka,
Clama o meu cérebro com rancor,
Ignorando o silencioso protesto do corpo...
Despejo outro copo
E despejo a emoção,
E nem álcool nem razão me dão calor...
Nesta noite fria sou apenas mais um local ermo,
Mero espigão de rocha
Na pradaria escura e ventosa...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Já agora...II

Podia facilmente dizer "Já agora...vale a pena pensar nisto." mas isso seria um plágio descarado de uma rádio e, além disso, não faz sentido absolutamente nenhum pensar nisto. De qualquer modo acabei por me decidir que este "Já agora..." vai ser a parte, se é que se pode chamar parte, dos textos pseudo-alegres deste blogue e, assim sendo, ponho aqui mais um dentro do "espírito" da parte.

Oh meu Deus,
Que é isto,
Que se passa,
O que tem a minha cara?
Oh meu Deus,
Que é isto ao espelho,
Isto,
Que trejeito é este nos meus lábios?
Que é isto, que é isto,
Tenho covas nas bochechas
E os lábios esticados,
As pontas para cima,
A arquear?
Que são estas cócegas no estômago,
Que estranha sensação é esta?
O que é este sorriso,
O que é esta alegria?
Coisa tão estranha…
Será felicidade a despontar?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Falta de Tempo

Não tenho tido tempo: nem tempo para "postar" nem tempo para escrever. O tempo escasseia-me e até era engraçado se agora tivesse alguma coisa catita a falar sobre a falta de tempo; mas não tenho e portanto meto só um "texto experimental" (fantástico nome pomposo) fruto de um pseudo-desafio. Ah e não, não sou um assassino tresloucado com rituais obsessivos, é apenas invenção!

Acariciei-te a cara, uma e outra vez. As tuas mãos moviam-se lentamente nas minhas costas, em busca de algo que provavelmente nem sabias o que era. Com as minhas mãos, suavemente, delineei-te as costas, agarrei-te, puxei-te contra mim, como se não te quisesse voltar a largar. Beijei-te, beijámo-nos, uma e outra vez, e uma vez mais. Afaguei-te os cabelos, seda fluida como se de um rio se tratasse, brilhantes, castanhos-escuros, morenos como tu…fi-los passar por trás da tua orelha e mordi-te a orelha, se é que se pode chamar àquilo morder. Sentia o teu calmo e quente expirar no meu pescoço, mais rápido, e mais rápido. Beijei-te o pescoço, uma e outra vez e dei-lhe a volta, sempre sem parar…subi-te ao queixo e mais uma vez te procurei os lábios e novamente te passei a mão pelo cabelo; senti-o cair da minha mão, deslizando de volta ao início…e quando te voltei a beijar no queixo e arqueaste a cabeça para trás, eu vi que era o momento. Saboreava-o já, sentia-o antecipadamente, a adrenalina corria-me nas veias e a excitação estava num máximo…
- Amo-te. – murmurei – amo-te…
Rapidamente baixei a mão ao bolso de trás das calças e ainda mais rapidamente encontrei o que procurava: o meu pequeno punhal de prata. Agarrei-o firmemente, num gesto que já de si não me era novo, e fiz subir as costas da mão pelas tuas costas lentamente…beijei-te, num beijo longo e apaixonado, maior, mais poderoso que todos…queria manter-te e sentir-te e, de certo modo, impedir a tua partida…mordi-te o lábio. Beijei-te. Mordeste-me o lábio com tanta força que me puseste a sangrar. Beijei-te novamente, naquela que já sabia ia ser a última vez. Trouxe o punhal até ao teu pescoço bronzeado e espetei-o, sem hesitação alguma. O sangue vermelho-escuro e quente espirrou e banhou-me; escorreu-me pelos braços e beijei-te no jorro de sangue e misturei-o com o sangue que vertia do meu lábio, e enquanto te sentia a esvaíres-te em minhas mãos e a lentamente seres chamada de encontro ao véu de negro brocado da morte disse-te apenas um pequeno e singelo “Amo-te” e fixei o teu olhar incrédulo dos teus olhos amendoados, nem verdes nem castanhos, a fitar-me com ar ainda de surpresa, ainda de amar. Guardei a faca, limpei-te de quaisquer vestígios meus, limpei-te onde te havia beijado, de termos dado as mãos, troquei-te a roupa e levei-a comigo, tudo para que, quando te encontrassem a ti morta no chão fofo da carpete escarlate não me encontrassem a mim a saborear cada pormenor de ti. Sabias bem, foi pena. Mas sensação nenhuma é melhor do que ter a vida e o sangue de alguém nas mãos e sentir o corpo de outrem a perder o seu calor…sim, amava-te. Mas foi para te eternizar que te matei. Rodeei-te de pétalas de rosa, num tom semelhante ao do teu sangue, sangue que tingia a carpete…acendi uma vela e voltei a pôr o gira-discos a tocar uma qualquer balada; apaguei a luz e fixei-te, estendida no chão, deitada como se num sono profundo, que até poderia ser sono profundo se não fosse pela ferida no pescoço. Guardei-te na alma e no coração: amei-te. Quem disse que não se podia verdadeiramente amar mais que uma vez?