Algures, na rua, um violino toca.
Um violino geme,
E chora
E treme com o frio que faz,
Com a neve que cai.
Algures, numa qualquer casa, um piano toca.
Algures, na rua, uma mulher chora.
Uma mulher grita,
E reza,
E o seu Deus de nada lhe vale.
Algures, na rua, tu estás sentada e esperas.
Algures, nesta rua, eu ando e avanço,
Sem medo,
Liberto por fim.
Algures, nesta rua, eu estaco
E te fito com olhar esgazeado.
O violino pára.
O piano pára.
A mulher pára.
Tu paras.
O mundo pára.
E só o meu corpo não pára,
Em direcção ao chão,
Algures naquela rua,
Coroado, por fim,
Rei que nunca fui,
Pela alvura e pureza da neve que ainda cai.
1 comentário:
Ah ganda Gonçalo!!! =D
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