"Fugimos do abismo da vida, e fugimos da vida - embora tal seja uma autentica estupidez. Se fugimos da vida, caminhamos para o abismo; se fugimos do abismo, abraçamos o calor frio da vida. E talvez porque somos humanos, voltamos novamente a perder o comboio, e novamente, e novamente - e assim continuamos, e assim caímos, e assim caem connosco. Perdemos quem amamos, perdemos quem odiamos [ódio este que somente demonstra que tais pessoas fazem parte do nosso espelho de vida].
Perdemo-nos - oh, como o comboio já lá vai!" - J. A.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Indecisões

O mal de andar muito tempo a ameaçar o início de um blogue, se principalmente for levado como ameaça vaga, é que não se sabe o que se há de pôr no dito blogue. Como eu ainda não sei e agora nem tenho tempo para pensar nisso, vou postando poemas para isto não ficar em stand-by. Logo, aqui vai mais um...

Algures, na rua, um violino toca.

Um violino geme,

E chora

E treme com o frio que faz,

Com a neve que cai.

Algures, numa qualquer casa, um piano toca.

Algures, na rua, uma mulher chora.

Uma mulher grita,

E reza,

E o seu Deus de nada lhe vale.

Algures, na rua, tu estás sentada e esperas.

Algures, nesta rua, eu ando e avanço,

Sem medo,

Liberto por fim.

Algures, nesta rua, eu estaco

E te fito com olhar esgazeado.

O violino pára.

O piano pára.

A mulher pára.

Tu paras.

O mundo pára.

E só o meu corpo não pára,

Em direcção ao chão,

Algures naquela rua,

Coroado, por fim,

Rei que nunca fui,

Pela alvura e pureza da neve que ainda cai.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ah ganda Gonçalo!!! =D